Começar, recomeçar, interminamente repetir um
monótono romance, o romance da minha vida,
Com palavras iguais, inalteráveis, semelhantes,
insistir sobre o cansaço e a pobreza disto de viver...
Andar como os dementes pelos cantos a repisar
o que já ninguém quer ouvir.
Levar o meu desprecioso tempo à deriva.
Queixar-me, castigar e lamentar sem qualquer
esperança, por desfastio.
Pôr a nu uma miséria comum e conhecida,
chamente, serenamente, indiferente à beleza dos temas
e das conclusões.
Monotonamente, monotonamente.
Monotonia. Arte, vida...
Não serei ainda eu que te erigirei o merecido
altar.
Que te manejarei hábil e serena.
Monotonia! Gume frio, acerado, tenaz, eloquente.
Sinto de poucos tons, impressionante.
Mas se te descobri não te vou renegar.
Tu ensinas-me, tu insinuas-me a arte da verdade,
a pobreza e a constância.
Monotonia, torna-me desinteressada.
Irene Lisboa, Poesia I - Um dia e outro Dia e Outono Havias de Vir, Presença, 1991
Irene Lisboa nasceu na Arruda dos Vinhos em 1982 e morreu em Lisboa em 1958. Formou-se na Escola Normal Primária e fez estudos de formação pedagógica em Genebra.
Algumas das suas obras: Solidão I e II; Uma Mão Cheia de Nada, Outra de Coisa Nenhuma; O Pouco e o Muito, Queres Ouvir? Eu Conto, Crónicas da Serra.
Eu gostei do poema pois, na minha opinião, o poema é uma chamada de atenção para as pessoas que levam a vida com pressa e que não valorizam aquilo que há de diferente na vida, e isso, pode levara a uma vida desinteressada. Devido a esta mensagem recomendo a todos que leiam o poema pois pode o alertar para a vida.
Análise Crítica de Carolina Cotrim 9ºB
Na minha opinião, o poema é monótono devido ao seu ritmo, à forma como é escrito e ao tema. Agrada-me a relação que a autora, propositadamente, fez entre o título do poema e à forma como escreveu o mesmo, apesar de não o favorecer na totalidade pois, assim, o poema tornou-se um pouco desinteressante e não me incentivou à leitura do mesmo.
Análise Crítica de Beatriz Murtinho 9ºB
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